quarta-feira, 30 de março de 2016

A diferença entre o Gestor e o Chefe

Por: Paulo Pimenta Machado


Depois de quase dois anos sem escrever algum texto referente a Futebol, me sinto obrigado a comentar o que penso em relação ao Dunga e a sua Seleção Brasileira.

O "7 x 1" deixou algumas lacunas que não foram preenchidas. Quando Dunga assumiu, o principal comentário que rodava nas redes sociais era de: "Ele não é conhecedor do futebol moderno mas fez um time competitivo, merece a oportunidade."

Negativo, a Seleção Brasileira depois de um século, sob comando do Dunga, virou referência de futebol armado exclusivamente para o contra-ataque. Num 4-4-2 (losângulo), o time jogava explorando a solidez defensiva (três jogadores da Internazionale de Mourinho) e vencendo seus adversários no contra-golpe.

É um recurso que deu certo em muitas seleções, inclusive na brasileira. A Copa de 1994 é um exemplo notável. A seleção brasileira venceu uma Copa na defensiva, pois a equipe se adaptou a esse estilo e teve um inspiradíssimo Romário que praticamente foi campeão sozinho. Um modelo que não foi copiado nem no periodo da Copa de 1998, quem dirá quase vinte anos depois?

Para ser merecedor deste desejado cargo, depois de um futebol pobre, que deu certo (se fomos levar em consideração aproveitamento numérico), Dunga precisaria nesses quatro anos ser campeão de praticamente tudo por onde passasse. Não foi o que aconteceu, a partir do momento que Dunga encerrou seu ciclo em 2010, até o dia do "7x1", ficou DOIS anos no marasmo, "se reciclando" para apenas conseguir um mero Campeonato Gaúcho em 2013, onde sua equipe, o Internacional, também apresentou um futebol pobre e sem qualidade técnica e tática.

Outro ponto que piora mais ainda a situação de Dunga, é o seu comando como treinador e suas filosofias apresentadas. Novamente conceitos arcáicos, sem sentido pro futebol moderno, justificativas esdruxulas em coletivas de imprensa. Ou seja, tudo de pior que o futebol NÃO PRECISA.

O mais engraçado é ver grande parte da torcida e da IMPRENSA comentar que a geração é uma geração pobre, sem talentos. Ai eu me pergunto se essa grande maioria realmente acompanha futebol, ou se só convém comentar sobre. Fazendo uma análise rápida podemos ver que dos oito grandes time do futebol mundial, daria para formar uma seleção competitiva com seus jogadores titulares, coisa que em 2010 por exemplo, não se tinha.

BARCELONA:

Daniel Alves (LD)
Neymar (A)

REAL MADRID:

Marcelo (LE)

BAYERN:

Douglas Costa (A)

JUVENTUS:

Alex Sandro (LE)
Neto* (G) titular na Copa da Itália

PSG:

Thiago Silva (Z)
David Luiz (Z)
Maxwell (LE)
Lucas (A)

MANCHESTER CITY:

Fernandinho (V)

ATLETICO DE MADRID:

Filipe Luis (LE)

CHELSEA

Willian (M)



O time seria formado num 4-3-3 com: Neto, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz, Marcelo; Fernandinho, Alex Sandro (Está jogando muito de meia pela esquerda no time de Allegri), Willian; Douglas Costa, Lucas e Neymar. Isso por que eu não coloquei os jogadores reservas desses clubes, que caso não jogassem em alguns, seriam titulares na maoria dos clubes do mundo.

Também vale ressaltar vários jogadores em clubes um pouco menos badalados, que são protagonistas em seus clubes. Jonas (Benfica), Hulk (Zenit), Coutinho e Firmino (Liverpool), Miranda (Internazionale), Diego Alves (Valência), Luiz Gustavo (Wolfsburg). Além dos jogadores que se destacam na seleção olímpica, como: Felipe Anderson (Lázio), Gabriel (Santos), Rafinha (Barcelona), Fabinho (Mônaco) e Marquinhos (PSG)


Outro ponto que me deixa bastante incomodado com Dunga é o seu rancor em situações que podem ser controladas. Se ele tem um dos melhores zagueiros do mundo a sua disposição e por um acaso esse jogador erra numa decisão, o Dunga não deveria exclui-lo pelo erro, e sim dado a confiança que ele merecia e merece. Por que o Dunga não tomou a mesma atitude com Neymar, depois da expulsão? Simples: A imprensa e a torcida que acham que entendem de futebol já estavam pegando no pé de Thiago desde a Copa do Mundo por uma questão emocional (que deveria ser contornada pelo treinador), então ele seria um alvo fácil pra satisfazer o interesse da grande massa. Já com Neymar, que por um acaso é o novo capitão, Dunga blindou. Engraçado que esse mesmo Neymar, já a nível de seleção brasileira, não foi convocado pelo mesmo na Copa de 2010 por motivos que não davam pra compreender, tanto é que ele era o principal jogador de um time que o atacante titular (Robinho) era um mero coadjuvante.

O Brasil precisa de gestores, pessoas que se agarrem em um projeto e usem todo seu conhecimento para que esse projeto dê certo.
Dunga nasceu pra ser chefe, e um chefe é aquele que obedece as ordens dos seus superiores. No caso, Dunga é o reflexo da CBF. Assim como a CBF é um reflexo do Brasil, que é o reflexo do povo brasileiro. E isso é preocupante.

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